— Conto: —

Os Objetos Amaldiçoados
(Lado A)

Sato, você tem certeza? — Perguntou uma voz tímida e temerosa, ecoando pelas paredes úmidas da caverna.

O ambiente estava envolvido em uma profunda escuridão, rompida somente pela luz vinda das lanternas tradicionais, conhecidas como andon, feitas de papel e bambu que cada uma das meninas carregava consigo. Passos cautelosos avançavam pelo chão de pedra irregular, adentrando cada vez mais no abismo subterrâneo.

— Tenho. — Respondeu Sato, destemida. — Eu sei que tem alguma coisa esquisita acontecendo aqui dentro, Misaki.


A caverna revelava-se como um verdadeiro labirinto sombrio, com paredes rochosas compostas por estalactites e estalagmites que pareciam se fundir em uma dança assombrosa. Do teto, caindo de algumas estalactites, formavam-se gotas ricas em carbonato de cálcio que caíam em direção ao chão, reverberando o som de gotejamento em cada canto audível.

O ar frio e úmido envolvia as garotas, fazendo-as tremer ligeiramente. A escuridão, por sua vez, parecia ganhar vida própria, brincando com suas mentes e despertando seus medos. Sato, entretanto, liderava o caminho corajosamente, enquanto Misaki, apreensiva, seguia seus passos.

— Mas por que nós duas tínhamos que vir? Não podia ser qualquer um dos adultos? — Perguntou Misaki, temerosa, olhando assombrada e desconfiada para cada canto da caverna, como se, a qualquer momento, uma monstruosidade fosse aparecer. Sentia, também, lá no fundo, que algo as estivesse observando. — Mamãe sempre contou as histórias sobre essa caverna, Sato, sobre as coisas que moram aqui dentro.

Sato, a irmã mais velha de Misaki, possuía cabelos negros e lisos que caíam em cascata até a altura dos ombros. Seus olhos, de um tom profundo de castanho, eram expressivos e perspicazes. Sua pele, por último, era clara e ligeiramente impecável.

— Nem tudo que ela dizia era verdade, Misaki, achei que você já tivesse idade o suficiente para saber disso. — Respondeu Sato, com aspereza na voz, enquanto continuava cautelosa em seus passos.

Misaki, por sua vez, era a irmã mais nova e compartilhava traços semelhantes aos de sua irmã. Seus cabelos, também negros, eram um pouco mais curtos, chegando até a altura do queixo e possuíam uma ligeira ondulação. Os olhos, castanhos, expressavam, em dias habituais, curiosidade e um certo brilho travesso; agora, expressavam medo.

— Ela não mentiria se realmente fosse perigoso. — Disse a menina, depois de um longo período de silêncio, e idas e voltas pelos corredores da caverna.

— Misaki... — Sato parou e suspirou, frustrada, parecendo não suportar as objeções de sua irmã e as voltas inúteis pela caverna. — Fica quieta só um minuto, pode ser?

Ela, então, começou a olhar e observar seus arredores, a procura de algum sinal ou marcação que indicasse um caminho correto para que chegassem em algum lugar naquele abismo. A lanterna, naquele momento, começava a apagar suavemente, indicando que o tempo de iluminação estava chegando ao fim.

— Olha, a nossa luz está acabando... — Disse Misaki, agora com um terrível medo na voz e visivelmente trêmula. — Sato...

— Por aqui. — Interrompeu-a, recomeçando seus passos a uma passagem à esquerda. Não havia muita cautela em seus passos, tampouco nos passos de sua irmã.


Enquanto avançavam, a escuridão parecia se intensificar, como se o próprio véu da noite se estendesse sobre o local. Apenas a luz trêmula das lanternas iluminava o caminho, revelando trechos que pareciam se contorcer e se transformar diante de seus olhos. Sato, então, sentiu suas memórias reverberando em sua mente, se fazendo a seguinte pergunta: que é que havia levado ela a entrar naquela velha e perigosa caverna? Por que estar ali arriscando a si e sua irmã mais nova?

— Por que você nunca diz o que tem lá? — Sato ouviu a si mesma perguntando a alguém.

— Nessa idade, vocês não acreditam mais em onis, não é? — Perguntou uma voz familiar, uma voz que trouxe tamanho conforto que a garota, por um momento, havia esquecido na situação em que se encontrava.

— Mamãe, onis não existem. — Respondeu descrente, com um ar levemente desdenhoso na voz.

Em um instante, estava em um local aquecido, bem iluminado, e seguro. O ambiente era iluminado pela luz noturna que penetrava por uma grande janela, que estava aberta, em uma das paredes e por uma lareira rudimentar, com madeira em chamas e um apoio de ferro sobre o fogo para que as refeições fossem preparadas. Naquele momento, apoiava-se um borbulhante caldeirão de sopa.

— Nossos remédios estão acabando. — Disse a mãe de Sato ao fechar um dos armários em um dos cantos do recinto.

— Eu sei... — Respondeu Sato com desânimo. — Amanhã eu e Misaki podemos procurar algumas ervas. — Disse, embora não quisesse realmente procurar pelas ervas, e passou o olho por sua irmã adormecida na sala, deitada em um colchão de penas e coberta por finos lençóis.

— Sua avó me contava histórias sobre o encontro que ela teve com um oni... — Disse a mãe, após uma breve pausa em silêncio, retomando ao primeiro assunto.

— Lá vem você de novo com essa história. — Resmungou Sato em um sussurro.

— São criaturas horrendas, com dentes afiados, chifres, e tudo que se pode imaginar. Se não fosse por um jovem rapaz que estava de guarda pelas redondezas, não estaríamos aqui, filha. — Disse, apanhando três tigelas de madeira e talheres em um armário, também de madeira, próximo a um canto da sala.

— Eu não tenho tanta certeza disso... — Disse a garota, abaixando a voz lentamente.

Dias depois daquela noite, a mãe de Sato saíra em uma noite para buscar ervas medicinais porque Sato, embora Misaki estivesse entusiasmada com a ideia, não queria se dar ao trabalho de sair e procurar por ervas. Entretanto, passado-se horas desde a saída, Sato e Misaki começaram a se preocupar e, quando um dia inteiro havia se completado após a última vez que haviam se falado, Sato decidiu agir: vestiu a si e Misaki, pegou as lanternas tradicionais que ficavam em um dos armários da casa e saiu.

Supunha que sua mãe havia sido raptada por bandidos ou sequestradores e, levando em consideração que ela havia ido buscar ervas medicinais em um campo muito próximo à caverna, Sato concluíra que, ao capturarem sua mãe, a levaram para a caverna, uma vez que ela podia servir como um atalho entre dois vilarejos: o vilarejo de Sato e um vilarejo vizinho.

Àquela altura, Sato sabia plenamente que tomara a decisão errada ao entrar naquele abismo e arrastar sua irmã consigo, uma vez que estavam perdidas e, em pouco tempo, estariam no escuro. Pouco a pouco, a coragem de Sato dava espaço a um terrível medo do que aconteceria caso ambas não retornassem seguras para casa.


No instante seguinte, a luz que a lanterna produzia se acabara; naquele momento, a intensa escuridão abraçou fortemente as irmãs que, por sua vez, soltaram um profundo suspiro de medo. Embora estivessem no escuro, Sato recuou alguns passos para se aproximar de sua irmã e tornou a olhar cada arredor, procurando desesperadamente algum refúgio para levar sua irmã.

Por outro lado, de repente, sua irmã, Misaki, avistara um brilho distante, um fogo que crepitava em meio a escuridão. Seus olhos se fixaram na chama, que parecia pulsar uma presença desconhecida. Um sentimento de esperança e urgência tomou conta da menina, que agarrou o braço de Sato e apontou em direção ao fogo.

Sem hesitar, Sato segurou uma das mãos de Misaki e as irmãs começaram a correr em direção à luz, o coração demasiado acelerado. Ao se aproximarem, passaram por uma passagem ampla e circular; as paredes continuavam ásperas e úmidas, e o ar estava impregnado com um cheiro terroso e antigo.

Finalmente, elas emergiram em um ambiente iluminado pelo fogo. Tochas ardiam em suportes de pedra, lançando uma luz dourada e dançante sobre o cenário. O recinto era amplo e imponente, com estalactites pendendo do teto. No centro, um baixo altar de pedra se erguia majestosamente, adornado com símbolos enigmáticos.

Sobre o centro do altar, um misterioso objeto estava cuidadosamente envolto em papéis escritos em textos especiais. Os caracteres pareciam resguardar uma energia sobrenatural, ecoando a presença do desconhecido. Mesmo que não soubessem exatamente o que era, um sentimento de inquietação percorreu a espinha das irmãs.

Enquanto observavam o objeto e se aproximavam com passos cautelosos em direção ao altar, Sato ainda segurando uma das mãos de Misaki e assumindo os passos dianteiros, uma sensação de presença maligna pairava no ar. Embora sutil, havia algo sinistro naquele local, algo que remetia a um mal adormecido. As chamas das tochas pareciam dançar em resposta a essa presença, lançando sombras distorcidas nas paredes da caverna.

Quando estavam a poucos centímetros do altar, Sato e Misaki ficaram lado a lado e trocaram olhares cheios de apreensão, conscientes de que haviam adentrado um território desconhecido e perigoso. A coragem de Sato havia a abandonado quando elas cruzaram a entrada, então compartilhava da tremedeira de sua irmã mais nova, embora não tremesse tanto quanto ela.

Com o coração acelerado, Sato se aproximou cautelosamente do altar, sentindo-se irresistivelmente atraída pelo objeto misterioso. A garota estendeu sua mão em direção ao objeto, cada um de seus movimentos era meticulosamente calculado. Com os dedos trêmulos, Sato apanhou-o e trouxe para perto, buscando examiná-lo. Naquele instante, uma intensa sensação de desejo percorreu seu ser, o que ela mais queria naquele momento era tirar aqueles papéis que cobriam o objeto. Ela, então, fez menção de tirá-los quando...

— Sato, você tem certeza? — Perguntou Misaki apreensiva.

Sato não respondeu, apenas virou a cabeça e trocou um olhar significativo com sua irmã, engolindo em seco e voltando sua atenção ao objeto, desembrulhando cuidadosamente os papéis que o envolviam. A ansiedade pulsava em suas veias, enquanto Misaki observava com uma mistura de curiosidade e apreensão.

À medida que o último pedaço de papel caía, revelou-se um dedo, perfeitamente preservado. A pele era ligeiramente vermelha e translúcida, como se pertencesse a um ser sobrenatural. As unhas eram afiadas e escuras, lembrando garras prontas para rasgar a carne. Sato, ao fazê-lo, sentiu um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação de que algo poderoso e perigoso estava conectado àquele dedo.

Enquanto a garota segurava o dedo, uma mudança sutil começou a ocorrer no ambiente ao redor delas. A aura da caverna parecia se tornar mais densa e opressiva, como se estivesse sendo preenchida por uma presença maligna. O ar, em seguida, ficou pesado, dificultando a respiração, e as chamas das tochas começaram a vacilar, lançando e projetando sombras grotescas nas paredes.


De repente, os sons de arranhões e rosnados ecoaram pela caverna, além de gritos distorcidos. Quando ouviram, as irmãs se viraram imediatamente para a entrada. Em instantes, uma criatura monstruosa emergiu das sombras da entrada, sua forma monstruosa e grotesca enchendo o espaço, e então começou a se aproximar das irmãs, com os olhos fixos no dedo que uma delas segurava nas mãos. Não era o único; surgiram, também da entrada, criaturas de pele escamosa, olhos ferozes e presas afiadas. Seus corpos musculosos e distorcidos pareciam prontos para a batalha, enquanto emanavam uma aura demoníaca de violência e destruição.

Ao mesmo tempo, das paredes e do chão, surgiram poças viscosas de um líquido escuro, abrindo espaço para a manifestação de seres abstratos que pareciam distorcer a própria realidade. Eram formados por sombras e névoa, com contornos indefinidos e sinistros. Cada um dos monstros tinha uma aparência única, algumas com formas humanoides distorcidas, outras com apêndices grotescos e tentáculos retorcidos.

Você é minha mãe? — Perguntou uma voz distorcida, rouca e cheia de malícia, soando desagradável ao ouvido para Sato, que, ao ouvir, percebeu que surgira a mesma poça abaixo dela e começavam a surgir pequenas mãos que começaram a envolver seus pés.

A garota, em um reflexo primitivo, fez um movimento rápido com os pés, se desvinculando daquele monstro que envolvia seus pés e começava a subir. Rapidamente, ela segurou a mão de Misaki e correu em direção a única parede que não estava cuspindo criaturas demoníacas, buscando abrigo. As criaturas avançavam de todas as direções, emergindo das paredes, do chão e da entrada da caverna. O som de suas investidas e rosnados ecoava ensurdecedoramente, preenchendo o espaço com uma cacofonia aterrorizante.

Uma forte adrenalina se espalhou pelo corpo de Sato, a resposta animalesca de fugir tomando cada fibra de seu ser. Mas, por mais que tentasse, por mais que seu corpo exigisse que ela fugisse, sua mente a traiu. Ela estava paralisada, incapaz de ser algo além de uma testemunha de algo que ela acreditava existir apenas em fábulas antigas lidas por pais para seus filhos.

Onis. Onis de verdade.


Antes que a garota pudesse reagir, Misaki fora abruptamente puxada, rompendo bruscamente o laço que haviam formado ao segurar as mãos uma da outra. Um grito de terror e medo escapou dos lábios de Misaki enquanto ela era arrastada pelo ar. A criatura responsável por puxá-la estava a alguns metros de distância das garotas, na diagonal; era baixa, com um corpo gordo e de coloração semelhante a um tom de marrom, repleto de braços que podiam ser estendidos por dezenas de metros, que se contorciam e se agitavam. Seus olhos, cheios de malícia, fixaram-se em Misaki enquanto ela era suspensa de cabeça para baixo, uma posição perfeita para a criatura devorá-la, dada sua forma achatada.

— MISAKI! — Gritou Sato tomada pelo desespero, porém, antes mesmo que pudesse fazer menção em salvar sua irmã, fora agarrada por um demônio monstruoso do mesmo tamanho que ela.

O monstro musculoso tentou mantê-la presa, mas a garota, impulsionada por um instinto de sobrevivência, lutou para se libertar. Instintivamente, seu corpo se contorceu e se retorceu enquanto ela se debatia que, em seguida, finalmente conseguira escapar das garras do monstro.

Entretanto, ao se libertar, Sato se desequilibrou e desabou poucos passos a frente e, no segundo seguinte, outra criatura deformada, também com braços extensíveis e um corpo distorcido, agarrou a garota e a arremessou com extrema violência contra a parede oposta. O impacto fora terrível; Misaki sentiu uma dor excruciante percorrer cada fibra de seu corpo. Então, caiu cerca de meio metro em direção ao chão, mas, apesar disso, ela permaneceu consciente.

— Misaki... — Sussurrou ela olhando para Misaki chorando e gritando por socorro, enquanto segurava o dedo desconhecido.

A visão de sua irmã sendo ameaçada fez com que ela se sentisse extremamente impotente diante da situação. No entanto, nesse momento de desespero, uma voz ecoou em sua mente, como se viesse de um lugar distante.

— Ei, garota... — Disse uma voz masculina.

Uma das criaturas humanoides começou a se aproximar de Sato, sussurrando palavras inaudíveis, entretanto, Sato sabia que, com aquelas unhas em formato de garras, ele a mataria naquele instante.

— Se quiser viver, e salvar sua irmã, sugiro que aponte sua outra mão para ele. — Disse a mesma voz distante.

Sato não entendia o que aquela voz, de quem quer que fosse, quisesse mostrar a ela. No entanto, ela não entendia mais nada do que acontecera cerca de um minuto antes. Que é que significava aquilo? Por que ela e sua irmã tinham de ficar naquele fogo cruzado daquelas criaturas que Sato acreditava existirem somente nos contos e histórias? Ela não sabia responder, apenas sabia que precisava proteger sua irmã, e faria o que quer que fosse necessário para fazê-lo. Então, reunindo a força que ainda restava em seu corpo dormente após o impacto, ela, ainda no chão, estendeu sua mão em direção a criatura que, agora, estava a poucos centímetros dela.

Nada aconteceu.


"Nós duas vamos morrer aqui.", pensou Sato, com os olhos começando a marejar.

A criatura brandiu seu braço, a fim de captar impulso para ferir mortalmente a garota a sua frente. Antes que pudesse desferir o golpe, Sato sentiu. Sentiu uma forte presença percorrer seu corpo, partindo da mão que segurava o dedo e passando por cada parte do corpo até que chegasse na mão que estava estendida e, quando chegou a sua mão estendida, foi liberada. No mesmo segundo, um corte se materializou no pescoço da criatura, um corte tão preciso e profundo que a cabeça se desvinculou do corpo e tombou no mesmo instante.

Seus joelhos cederam lentamente, como se a força vital estivesse sendo drenada de seu ser. Seus membros trêmulos lutaram para manter o equilíbrio, porém, o peso de sua existência se tornou insustentável, e seu corpo desabou no chão com um baque surdo.

Após a queda do demônio, Sato desviou o olhar incrédulo do corpo inerte para sua mão, ainda estendida; de uma mão para a outra, fixando o dedo misterioso e, em seguida, seu coração disparou ao avistar sua irmã, prestes a ser completamente devorada.


Com seus instintos retomados e a sensação de insuficiência tê-la abandonado, ao menos momentaneamente, Sato se ergueu do chão, ignorando a dor latejante em seu corpo. Ignorou as outras criaturas no ambiente, estendeu sua mão novamente, agora em direção à maldição que mantinha sua irmã cativa, e se concentrou, na tentativa de recriar o mesmo efeito que havia feito um segundo antes. Outra vez, a garota sentiu como se uma fina serpentina fluísse de uma de suas mãos até a outra que materializaram um profundo corte na mão que segurava Misaki. A menina gritou quando o braço cortado se agitou, procurando alívio. O corte fora tão profundo que fizera a criatura corpulenta perder o equilíbrio e lançar a menina a poucos centímetros de distância.

— Misaki! — Gritou Sato correndo em direção a garota, ainda segurando o dedo com toda a força que lhe restava.

Quando se aproximou de Misaki, caída no chão, a criatura recuperou seu equilíbrio e fez menção em avançar para atacar as irmãs; as quais Sato novamente erguera uma de suas mãos, como fizera poucos segundos antes, e, em seguida, um corte profundo se materializou outra vez, acertando, desta vez, a cabeça da criatura corpulenta, a qual desabou logo em seguida por conta de sua pesada estrutura.

Restavam mais monstros no local, os quais presenciaram os acontecimentos, porém, ainda sim, avançaram em direção às irmãs. Sato, por sua vez, instintivamente determinada a proteger a si e sua irmã, repetira o mesmo procedimento que havia feito às duas outras monstruosidades, projetando uma de suas mãos em direção a criatura e em seguida materializando um corte no pescoço.


Não haviam mais criaturas quando a garota, ofegante e com o coração em maratona, descansou sua mão que havia recém finalizado a última criatura que ainda permanecia de pé. Todas as outras estavam no chão, algumas, porém, haviam desaparecido, embora Sato não tivesse reparado.

Agora, passada a iminente situação de perigo, Sato tornou sua atenção para Misaki, que estava agarrada fortemente às vestes de sua irmã. Com o tempo, ela havia se levantado e ficado atrás de sua irmã mais velha, enquanto esta, por sua vez, materializava cortes do nada para destruir as criaturas.

Sato se virou para Misaki e se abaixou ligeiramente para envolver sua irmã em um abraço muitíssimo apertado, o qual Misaki tornou a chorar de alívio nos braços de Sato.

— Tudo bem. Já passou. — Disse Sato com a voz pesarosa e cansada, com os olhos fechados. Ainda esperava que, ao fazê-lo, seria capaz de interromper o sonho, se fosse esse o caso.

Com o fim da adrenalina da situação, renovaram-se as dores que um dos monstros infligira por todo seu corpo ao arremessá-la –, renovou-se a consciência e incredulidade da situação em que se encontravam, embora Sato acreditasse que não haviam confirmações maiores que as dores que estava sentindo.

Sato soltou suavemente seu abraço apertado e começou a beijar delicadamente a testa e o rosto de Misaki, expressando seu alívio e amor pela irmã mais nova.

— Tudo bem? Você se machucou? — Disse Misaki com um senso de urgência e alívio na voz, passando os olhos e as mãos pelo corpo de Misaki procurando por ferimentos ou machucados.

— Não, não, eu estou bem. — Respondeu Misaki com a voz embargada, enxugando suas lágrimas com os braços.


Não tardou para que o momento de alívio fosse interrompido quando as irmãs ouviram os sons dos passos de alguém se aproximando da entrada ampla e circular do ambiente em que elas estavam. Mesmo com as dores em seu corpo aumentando exponencialmente, Sato tentou ignorá-las e se pôs de pé, fazendo um gesto para que Misaki fosse para sua retaguarda e então colocou o braço a frente de sua irmã, em uma posição instintiva para protegê-la do que quer que estivesse chegando.

De repente, um homem surgiu, impondo sua presença. Possuía um rosto marcado pelo tempo, com linhas que denotavam experiência e sabedoria. Seus olhos, afiados e penetrantes, pareciam guardar um vasto conhecimento. Seus cabelos, salpicados de fios grisalhos, enquadravam seu rosto de forma acentuada, realçando sua mandíbula forte. Era magro, embora sua presença fosse o suficiente para afastar essa incoerência. Suas roupas ostentavam somente um uniforme padrão de gerente, que incluía um terno preto e uma gravata.

— Então você consegue controlar técnicas tão voláteis? — Perguntou o homem, demonstrando surpresa, incredulidade e uma ligeira admiração. — De todas as coisas, não esperava que alguém tão jovem fosse capaz...

Ao ver a expressão desconfiada de Sato, ele continuou:

— Alguém capaz de usar as técnicas de Ryōmen Sukuna.

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